Por Letícia Zaffalon (Crash)
era ele
no primeiro dia
na primeira música
no primeiro beijo
no primeiro erro
no primeiro choro
no primeiro abraço
no colo
na concha
na colcha
no canto
no encanto
e de tanto ser manto
me fez acreditar que seria pra sempre
foi ele
o primeiro a abandonar o barco
se deixou enfeitiçar pela sereia
e nas ilhas decidiu ficar
não te culpo, caro amigo
bem sabes quantas vezes mares distantes naveguei
buscando o tesouro que juro merecer
e voltei
saqueada – ressaqueada
infelizmente
não sou capitã do seu destino
nem de suas vontades
mas saiba
que a qualquer sinal de fumaça
vou correndo
o mais rápido que puder
te procuro
em qualquer caminho cruzado
e te encontro
pelo cheiro do seu cabelo que eu sei de cor
só não vá longe demais
por tempo demais
que as memórias se apagam
como o vento desfaz nuvens
cada vez mais distantes dos olhos
por isso vou deixar um bilhete
para cada um de nós:
lembrar de não esquecer
do dia, da música, do beijo
do erro, do choro, do abraço
do colo, da concha, da colcha
do canto, do encanto
e de dizer eu te amo
antes de ser esquecido.
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