Por João Peres (aluno da FFCLRP-USP)
É incrível como o contraste entre duas realidades próximas é tão atenuado.
Duas realidades que eu poderia ousar em chamar de “Duas famílias” .
Oxalá que eu continue sem privilégios.
Privilégio, que de forma crua, eu poderia dizer “ter dinheiro”.Ter dinheiro e não ter noção de que o país em que vivo é pluricultural. Que tem gente diferente, de cor diferente e de condições diferentes.
Prefiro continuar sendo “gente como a gente”
É triste ter que ouvir xenofobia, homofobia e intolerância em um dos lados, enquanto no outro há militância.
Culpar o Nordeste é fácil. Difícil é lembrar que essa região sustentou o país por longos 300 anos, numa história manchada de sangue.
Apontar para os que vivem de auxílio do governo é fácil, para você que goza de uma vida privilegiada. Parabéns para você que pôde conquistar com seus méritos o patrimônio que tem hoje. Mas acho bom lembrar que o mérito se consolida quando quem “compete” parte de um mesmo patamar.
Dizer que é “escolha” quem faz faculdade e corre na vida pra trabalhar é legal! Eu mesmo escolhi.
Mas eu digo por experiência própria: eu não me manteria onde eu estou sem a bolsa de auxílio permanência que eu recebo.
Agora eu te pergunto: qual a diferença da minha bolsa para as outras que também auxiliam outras pessoas a terem uma condição um pouco mais aprazível de vida?
Fácil é se dizer cristão, ir na missa e pregar por um mundo com amor e negar a diversidade e até mesmo direitos civis.
Bom. Foi só um desabafo de um engasgo que me acompanha por 17 anos.