Por Jejum (Lucca Vigneron) T. X
No dia 15 de março foi realizada uma Assembleia Geral de Urgência em que foi deliberado se o CAAJA assinaria ou não uma carta contra a prisão em segunda instância e em defesa do direito de Lula ser candidato.
Assunto polêmico, não? Provavelmente um resultado apertado para qualquer um dos lados, certo? Não. 49 x 7. A assembleia foi um verdadeiro 7 x 1 à favor da carta e de Lula.
Imaginemos uma pessoa de fora da FDRP vendo esses números “só tem petista nessa faculdade”. Oficialmente, essa é uma análise correta: a Assembleia Geral é o único espaço e momento que define a posição do CAAJA e o permite de se posicionar em nome do corpo discente em qualquer assunto. Então sim, pessoa de fora da FDRP, oficialmente (e coloque muita ênfase no “oficialmente”) a gigante maioria da federp é de esquerda.
Voltemos agora para a realidade federpiana: alguém sinceramente acredita que 87,5% dos discentes defendem o Lula? Não! Nem perto disso. Então como que em um assunto tão polêmico, em ano de eleição, e em um local com tantos grupos que divergem constantemente, uma deliberação desse nível é quase unânime? Como que em um curso que ensina pessoas a argumentar como ganha pão, apenas duas pessoas se prontificam para defender suas opiniões e ideias perante seus colegas?
A banalização das Assembleias, espaço supremo e inquestionável de deliberação discente, é apenas sintoma de algo muito maior: Estamos vivendo em bolhas. Fechando-nos para tudo aquilo que não queremos ouvir e nos cercando daqueles que pensam exatamente como nós, onde o máximo de divergência aceita é algum tema banal como futebol. E isso é ótimo para formar um grupo de amigos ou desenvolver amizades, mas péssimo para a construção de uma faculdade plural, tolerante e em dia com as demandas e pautas da sociedade. É o diálogo perdendo espaço para a convicção.
Sim, eu fiquei extremamente feliz com o resultado da assembleia. Acredito que estaríamos nos apequenando se não nos manifestássemos quanto a um assunto tão sério. Porém, democracia é a vontade da maioria, vontade essa fruto de debate e da troca de ideias, e, sinceramente, eu ficaria muito mais feliz se a votação tivesse outro resultado, mas com um quórum de 150 pessoas.
É fundamental todos compreenderem que tão importante quanto o resultado final é a construção de tal resultado. Construção essa fruto de mobilização estudantil que converge em uma grande conversa que define os rumos do CAAJA e do corpo discente. E isso jamais deveria ser banalizado.
Finalizo com a ciência de que a próxima assembleia também terá um quórum pífio, e provavelmente a seguinte também, mas deixo aqui um apelo digna de propaganda do nosso querido Ócios: Debata. Você até pode não concordar com o resultado final, pode levar para casa um outro 7×1, mas a construção desse resultado é positiva para todos.